Daniel se virou e bateu na testa dele com as duas mãos. – Você
não entende, Luce. – Ele sacudiu a cabeça. – Isso é o que você
nunca entende. –
Não tinha nada maldoso na voz dele. Em fato, era quase bondosa
demais. Como se ela fosse lenta demais para captar o que quer que
seja que era tão obvio para ele. O que fez ela ficar absolutamente
furiosa.
– Eu não entendo? – ela perguntou. – Eu não entendo? Deixe eu
te dizer uma coisa sobre o que eu não entendo. Você se acha tão
esperto? Eu passei três anos com uma bolsa integral na melhor
escola preparatória do país. E quando eles me chutaram, eu tive
que fazer uma petição, petição! Para que eles não apagassem meu
histórico das minha notas quatro-ponto-zero. –
Daniel se afastou, mas Luce perseguiu ele, dando um passo a
frente a cada passo de olhos arregalados que ele dava para trás.
Provavelmente assustando ele, mas e daí? Ele estava pedindo por
isso toda vez que ele era condescendente com ela.
– Eu sei Latim e Francês, e no ensino médio, eu ganhei a feira de
ciências três anos seguidos. –
Ela tinha encurralado ele contra o parapeito da passarela e estava
tentando se segurar para não cutucar ele no peito com o dedo dela.
Ela não tinha terminado.
– Eu também faço as palavras cruzadas do jornal Sunday, algumas
vezes em menos de uma hora. Eu tenho um preciso sentido de
direção ... apesar de isso nem sempre se aplicar aos garotos. – Ela
engoliu e tomou um momento para recuperar o fôlego.
– E algum dia, eu serei uma psiquiatra que realmente ouve os
pacientes e ajuda pessoas. Ok? Então não fique falando comigo
como se eu fosse uma estúpida e não me diga que eu não entendo
só porque eu não consigo decodificar seu erradico, falho, quente-num-
minuto-frio-no-outro, francamente. – Ela olhou para ele,
soltando a respiração. – Realmente insensível comportamento. –
Ela secou as lágrimas, zangada consigo mesma por ter ficado tão
exaltada.
– Cala a boca. – Daniel falou, mas ele falou suavemente e tão
carinhosamente que Luce surpreendeu ambos ao obedecer.